terça-feira, 25 de novembro de 2008

Leitura no ônibus...

Marco Leite

Ontem tive que embarcar em um ônibus, aliás, dois. E durante a minha viagem li o livro Universo Adicto, de Marília Teixeira Martins, psicóloga de Belo Horizonte-MG. Converso com Maríla todos os dias pelo Orkut e correio eletrônico e, no pouco tempo que isso ocorre, já havia percebido que estava me comunicando com alguém que está por dentro da recuperação da dependência química e outras drogas.Devorei o livro em uma hora e meia, revivendo a minha caminhada de recuperação. Primeiro o livro mostrou o caso do Leonardo e como o alcoolismo se instala sem que a gente perceba. Passou pela negação de quem não quer enxergar seu problema de dependência e as dificuldades para reconhecer os vários aspectos que levam a pessoa à queda total, tanto moral, espiritual e social. O alerta para a recaída foi um aviso, principalmente para mim, que me sinto às vezes confiante demais na minha recuperação o que pode representar um perigo.O HALT, esse acróstico ainda sem tradução para o português, nos fala das compulsões, dos sentimentos como ira e solidão (coisas tão comuns na adicção ativa), e principalmente da acomodação ou preguiça, bem como de se achar bem e relaxar na caminhada de recuperação. Este último tópico é o mais perigoso de todos, pelo menos para mim. O achar que posso lembrar dos “velhos tempos” degustando uma cervejinha sem álcool (100% sem é uma inverdade), mostra claramente hábitos (reservas) de ativa.
O livro de Marília traz também um belo texto sobre a assertividade, ou certeza. Ele nos alerta sobre como agir em certos momentos que a recuperação nos apresenta; como lidar com problemas sendo firmes, sem perder a serenidade, sem ser agressivo para dizer um NÃO quando se faz necessário. Quando aborda os papéis da família na situação da dependência, Marília é genial - esse é o assunto que mais me fascina em recuperação. A questão do desligamento emocional é fantástica, na qual o familiar aprende como agir, praticando o verdadeiro amor, tomando decisões que não agradam e fazendo o que é preciso e mostrando com ações como é realmente amar e ao mesmo tempo não compactuar com situações que venham atrapalhar o tratamento da “família adoentada”. O texto é, também, um belo toque sobre a depressão e a dupla personalidade humana, muito aflorada no adicto, e fala das emoções que nós escondemos e não deixamos virem à tona causando-nos um grande mal, que é continuarmos presos a um círculo de medo, mentira, dor e outras coisas.Falando de tudo isso queria mesmo era agradecer a Marília pelo belo momento de recuperação que me proporcionou, e que me passa nos e-mails diários do Grupo Gratidão com suas opiniões que, para mim, são presenças constantes.


Valeu Marília,Um abraço do teu fã gaúcho

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