Seguindo os tempos de guri, lá palas bandas da General Propìcio, lugarejo hoje conhecido como a Ilha do Marduque, originado de uma radionovela chamada O Egípcio, não lembro bem se era da Rádio São Miguel ou da Charrua. Meu pai foi um dos fuzileiros que apelidaram assim o local, devido às várias inundações do Rio Uruguai e que acabavam ilhando a região.
Dessa época lembro de figuras, como o Sete Trouxas, um andarilho, muito conhecido em toda cidade. Minha mãe, Dona Ione, costumava me assustar sempre dizendo: “tê comporta guri! Olha que o Sete Trouxas vai te pegar!” Morria de medo e lembro de ver o Sete Trouxas várias vezes, mas não tenho certeza disso, pois podia ser fruto de minha imaginação, que me fazia enxergá-lo em qualquer cavaleiro errante que andasse pela Duque de Caxias, lá por perto da Igreja do Carmo.
Outra figura que me assustava era o Pepe Caravana, um outro andarilho folclórico de minha infância em Uruguaiana. O Pepe era chamado assim porque, segundo contavam os antigos, era um sujeito que tinha os pés virados para dentro (pepé). Desse, nós fugia-mos apavorados, pois sempre tinha alguém nos “atochando” que ele ia nos pegar.
Tinha também o Ivo Rodrigues, uma das figuras mais famosas da fronteira, proprietário do Cabaré do Ivo ou Casa Rosada. Ivo foi a primeira drag queen do Estado, fez parte do documentário da RBS TV “RS, 100 anos de História”, e foi também muito citado nas obras do escritor Tabajara Ruas. Ivo era amigo pessoal de meu pai e dos seus colegas do corpo de fuzileiros navais. Volta e meia eu ía com meu pai no Cabaré do Ivo. Sempre simpático, Ivo distribuía balas para as crianças e gentilmente costumava nos levar para passear em sua charrete ou carruagem, muito chique, e que hoje faz parte do museu de cidade.
Ivo também sabia botar respeito. Meu pai me contava várias histórias dos corretivos que ele passava nos mais abusados que queriam se aproveitar de sua opção sexual. Lembro de uma tirada do meu pai para seus colegas: “Tomem cuidado e se comportem que esse é mais homem que todos nós juntos”.
Mas o causo mais divertido de minha infância sem dúvida é o de uma vizinha de minha mãe. A Hilda Louca, como a mãe costumava chamá-la, era uma figura estranhíssima, andava sempre de preto e com um guarda chuva da mesma cor. Hilda era muito amiga de nossa família e também metia muito medo em mim e em meus irmãos, como o temor que a Turma do Chaves tem pela Bruxa do Setenta e Um.
Pois a Hilda era assim, super misteriosa. Um dia perguntei para mãe o porquê de ela estar sempre de preto. Minha mãe me disse que era luto pela morte do marido.
Numa das conversas de Hilda com minha mãe, um dia ela perguntou:
Dona Ione o que a senhora acha de eu tirar o luto?
Pois já faz dez anos que uso ele e afinal de contas o falecido não era nem meu parente.
Dessa época lembro de figuras, como o Sete Trouxas, um andarilho, muito conhecido em toda cidade. Minha mãe, Dona Ione, costumava me assustar sempre dizendo: “tê comporta guri! Olha que o Sete Trouxas vai te pegar!” Morria de medo e lembro de ver o Sete Trouxas várias vezes, mas não tenho certeza disso, pois podia ser fruto de minha imaginação, que me fazia enxergá-lo em qualquer cavaleiro errante que andasse pela Duque de Caxias, lá por perto da Igreja do Carmo.
Outra figura que me assustava era o Pepe Caravana, um outro andarilho folclórico de minha infância em Uruguaiana. O Pepe era chamado assim porque, segundo contavam os antigos, era um sujeito que tinha os pés virados para dentro (pepé). Desse, nós fugia-mos apavorados, pois sempre tinha alguém nos “atochando” que ele ia nos pegar.
Tinha também o Ivo Rodrigues, uma das figuras mais famosas da fronteira, proprietário do Cabaré do Ivo ou Casa Rosada. Ivo foi a primeira drag queen do Estado, fez parte do documentário da RBS TV “RS, 100 anos de História”, e foi também muito citado nas obras do escritor Tabajara Ruas. Ivo era amigo pessoal de meu pai e dos seus colegas do corpo de fuzileiros navais. Volta e meia eu ía com meu pai no Cabaré do Ivo. Sempre simpático, Ivo distribuía balas para as crianças e gentilmente costumava nos levar para passear em sua charrete ou carruagem, muito chique, e que hoje faz parte do museu de cidade.
Ivo também sabia botar respeito. Meu pai me contava várias histórias dos corretivos que ele passava nos mais abusados que queriam se aproveitar de sua opção sexual. Lembro de uma tirada do meu pai para seus colegas: “Tomem cuidado e se comportem que esse é mais homem que todos nós juntos”.
Mas o causo mais divertido de minha infância sem dúvida é o de uma vizinha de minha mãe. A Hilda Louca, como a mãe costumava chamá-la, era uma figura estranhíssima, andava sempre de preto e com um guarda chuva da mesma cor. Hilda era muito amiga de nossa família e também metia muito medo em mim e em meus irmãos, como o temor que a Turma do Chaves tem pela Bruxa do Setenta e Um.
Pois a Hilda era assim, super misteriosa. Um dia perguntei para mãe o porquê de ela estar sempre de preto. Minha mãe me disse que era luto pela morte do marido.
Numa das conversas de Hilda com minha mãe, um dia ela perguntou:
Dona Ione o que a senhora acha de eu tirar o luto?
Pois já faz dez anos que uso ele e afinal de contas o falecido não era nem meu parente.
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