Marco Leite
Eu iria contar sobre minhas pescarias..., mas resolvi mudar o assunto porque recebi uma foto, tirada por minha comadre, na qual eu apareço na frente do meu primeiro colégio, o Paso de Los Libres.
A escola continua a mesma, até o letreiro do nome é igual, mas a pintura está renovada. Voltei aos tempos de guri, isso há 40 anos. Lembro muito bem dessa época. Sempre estudei de manhã e o inverno era de renguear cusco, por mais que minha mãe me abrigasse, o vento minuano achava uma brecha. Lembro que vinha caminhando da General Propício até o Paso, que ficava perto da Igreja do Carmo, do Tênis Clube, da Aduana. O estabelecimento de ensino ficava bem em frente aos trilhos e à casa do falecido vereador Ênio Savedra.
A caminhada era longa e, no inverno, com a geada, minhas pisadas quebravam o capim congelado pelo frio. A ida para o colégio era dura, mas era ir ou ficar de castigo. E o castigo do pai era duro! No tempo em que estudei no Paso ainda não existia a Aduana de hoje, a antiga era na entrada da ponte mesmo. O retorno do Paso era uma aventura, conhecíamos todos os caminhos pela mata e pelas sangas da região. Hoje, isso tudo está coberto pela estrada que separa a cidade da Ilha do Marduque.
Muito tempo depois me mudei para a mesma rua do colégio Paso e, ali, criei meu mundo de piá travesso, sempre sujo com o picumã da maria fumaça que passava no fundo da minha casa. Era uma casa com um grande pátio e eu e meu irmão tínhamos um pequeno zoológico nos fundos, com galinhas, caturras, coelhos, cachorros, patos, corujas, peixes (em um pequeno lago que fizemos), e até um pequeno graxaim ou sorro, muito brabo, que tivemos que soltar pois se mataria na gaiola.
Logo depois do Paso, fui estudar no Colégio do Horto, que antes, durante muito tempo, só aceitava meninas, mas quando atingi as séries possíveis tive que mudar de escola. Daí o Horto já estava aceitando meninos também. Nunca fui muito de estudar, mas aprendia tudo na sala de aula mesmo e me saía bem nas notas. Do Horto me lembro das oficinas artesanais, gostava de trabalhos manuais. Mas como eu era muito “ativo”, as irmãs aconselharam a minhá mãe me mudar de colégio. Então, fui estudar no União, um colégio metodista. O que me lembro dessa passagem é de que esse colégio estava bem a frente do seu tempo. O União tinha todos os aparelhos para a prática de ginástica olímpica. Eram aparelhos rústicos e construídos com o material da região. Hoje vejo a importância disso, pois a grande maioria de nosso colégios deveriam incentivar a prática de todos os tipos de esporte, e não é o que acontece. Por fim completei o ginasial no Elisa Ferrari Valls, aquele que ficava ao lado da catedral, e em frente à praça. Foram ótimos momentos, o Elisa era um colégio muito conceituado e me saí bem lá.
Logo que completei o ginásio tive que vir para Canoas, pois meu pai foi transferido e minhas irmãs precisavam fazer faculdade, o que não tinha em Uruguaiana.
Ah, lembrei que fiz o jardim de infância no Domingos José de Almeida, nenhuma escolinha de hoje se compara àquele lugar mágico. Quando estive por aí, dias atrás, passei por lá, está tudo muito igual e muito bem cuidado. São tradições que me fazem lembrar a importância de se ter uma boa estrutura de ensino. Lembro que minhas irmãs saíram direto daí, fizeram o vestibular e passaram. Hoje isso não acontece com tanta facilidade, pois a educação está tão deficitária que foram criadas fábricas de cursinhos pré-vestibulares que não existiriam se a educação de hoje fosse que nem a dos meus tempos de guri em Uruguaiana.
Parabéns Uruguaiana.
2 comentários:
Parabéns Lampião, vc lembra o véio Homero de Uruguaina..
Grande abraço
Claro que lembro bom te ver por aqui Alex
Postar um comentário